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domingo, 17 de junho de 2012

ENTRE O SER E AS COISAS


 


Onda e amor, onde amor, ando indagando
Ao largo vento e à rocha imperativa,
E a tudo me arremesso, nesse quando
Amanhece frescor de coisa viva.

Às almas, não, as almas vão pairando,
E, esquecendo a lição que já se esquiva,
Tornam amor humor, e vago brando
O que é de natureza corrosiva.

Nágua e na pedra amor deixam gravados
Seus hieróglifos e mensagens, suas
Verdades mais secretas e mais nuas.

E nem os elementos encantados
Sabem do amor que punge e que é, pungindo,
Uma fogueira a arder no dia findo.


Carlos Drummond de Andrade

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