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terça-feira, 19 de junho de 2012

Pablo Neruda -Plena mulher


Plena mulher, maçã carnal, lua quente,
Espesso aroma de algas, lodo e luz pisados,
Que obscura claridade se abre entre tuas colunas?
Que antiga noite o homem toca com seus sentidos?
Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas,
Com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:
Amar é um combate de relâmpagos e dois corpos
Por um só mel derrotados.
Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito,
Tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos,
E o fogo genital transformado em delícia
Corre pelos tênues caminhos do sangue
Até precipitar-se como um cravo noturno,
Até ser e não ser senão na sombra de um raio.

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